Construir novas conexões

de Redação em 20 de janeiro de 2017

O mundo não precisa de mais um workshop de feedback

Conrado_affero_textoNunca o mundo mudou tanto. Formas exponenciais de fazer negócio, uma sociedade em contínua transformação que ainda tenta entender o que acontece com ela. Um número crescente de gerações convivendo, trabalhando junto, consumindo e sendo catalogada com detalhamento científico. Por fim, o impacto da tecnologia por cima de tudo isso, demandando ao ambiente de negócio (já paradoxal o suficiente) simplicidade, agilidade e foco na experiência do usuário. Tudo isso em um processo “lean”…
Neste momento, parece óbvio que a aprendizagem exerça um papel fundamental. De maneira formal ou informal, online ou offline, conscientemente ou não, estamos aprendendo o tempo todo.
Por isso, ouso dizer que esse talvez seja um dos momentos mais importantes da educação corporativa (EC) desde o início do século passado, quando a produção em massa gerou uma necessidade enorme de qualificação da mão de obra.
Navegar no mundo requer novas habilidades e formas de aprender. Mais do que se reinventar, a EC tem de rever seu verdadeiro propósito. E abraçar a transformação digital. Basicamente, tem de deixar de ser provedora de conteúdo e passar a ser curadora de experiências de aprendizagem. É hora de aproveitar, de verdade, o olhar do design thinking e colocar o participante no centro do processo. Às vezes isso é mais fácil do que parece. Responda você mesmo: quais iniciativas de treinamento que você oferece são atraentes para você mesmo? A provocação do título tem a ver exatamente com isso.
Feedback ainda é um dos temas mais solicitados para programas de liderança. Talvez tenha sido um dos temas mais solicitados desde 1990. Pensamos em formas e abordagens diferentes, mas, na maioria das vezes, o foco continua o mesmo: ensinar o participante a sentar com pessoas do seu time e dizer o que vai bem e o que não vai.
Feedback virou uma metáfora para as dificuldades de gestão como um todo. No contexto atual, a discussão e a experiência de aprendizagem que devemos oferecer podem e devem ser diferentes. Será que numa sociedade absolutamente acostumada com feedback instantâneo (redes sociais, aplicativos, transações etc.) a abordagem continua a mesma? Acho que não.
Para deixar claro: continuo achando que o feedback é fundamental. Mas para que ele ocorra, não precisamos de mais um workshop sobre. Talvez valha mais a pena formar líderes e lideranças que incentivem conversas e conexões contínuas. E já há muita gente que concorda e está propondo novas abordagens e olhares. E não só em feedback.
Por tudo isso, acredito que estamos num momento de coragem e de continuarmos a nos reinventar de maneira acelerada. Meu convite é para construir uma nova EC de uma maneira totalmente aberta. Construir junto com outras áreas da empresa, com espaço para os participantes (user-generated content) e, principalmente, para as centenas de oportunidades de novas formas de aprendizagem que surgem a cada minuto neste novo e maravilhoso mundo digital.

* Conrado Schlochauer é diretor da Affero Lab

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