Gestão

Novos paradigmas do tempo e dos neurônios

de Dulce Magalhães em 8 de janeiro de 2016

Temos dois importantes recursos para produzir sucesso. Um deles é precioso e raro, o tempo. Já o outro é abundante, renovável, ilimitado, os neurônios, a capacidade de aprender, de criar, de gerar soluções inovadoras. Esses dois recursos são a base e a medida de nosso potencial. A boa gestão deles faz com que sejamos eficazes, e a isso se dá o nome de talento. A aplicação constante do talento resulta no que costumamos chamar de sucesso.

Sendo assim, a administração do tempo e dos neurônios é a razão direta e a medida justa de nosso sucesso. Cabe-nos, portanto, ser especialistas na gestão desses recursos. Aqui começa nosso desafio de mudança. Considerando ser o tempo um bem de características tão fugazes, seria lógico pensarmos que o uso econômico e adequado é uma prática frequente; entretanto, não é o que acontece. Desperdiçamos nosso precioso tempo, como se fosse ilimitado.

O paradoxal é saber que com os neurônios, um recurso tão abundante, ocorre justamente o oposto. Economizamos ideias, mantemos durante anos as mesmas rotinas, temos dificuldade de alterar métodos, nos aprisionamos a hábitos antigos. A capacidade que temos de gerar ideias e de desenvolver soluções é limitada por nossos padrões atuais. Contudo, podemos desperdiçar ideias à vontade, ter ideias inúteis, jogar ideias fora, sem medo, sempre há chances de ter mais e mais.

Os neurônios são um recurso fabuloso. Podem, inclusive, maximizar o uso do recurso tempo. Podem transformar todos os nossos resultados, abrir oportunidades, apontar caminhos, gerar soluções inusitadas. Na maioria das vezes, nem sequer utilizamos esse vasto recurso. Esperamos que o tempo (escasso) resolva todos os problemas, e deixamos os neurônios (abundantes) fora de ação.

As organizações nos contratam por causa de nosso recurso neurônios. Entretanto, administram nosso recurso tempo. Querem saber a que horas nós chegamos, verificam a que horas saímos, estão focadas na quantidade de horas que lhes vendemos por semana. Chegam a pagar por horas extras que possamos lhes oferecer, mas, muito raramente, recompensam nossas ideias, dificilmente mensuram nosso uso de neurônios, jamais remuneram por ideias extras.

Nessa prática de ponta-cabeça do mercado, vendemos nossa escassez, o tempo, e economizamos nossa abundância, os neurônios. Marcamos com as organizações um compromisso ditado pelo relógio, não pelo projeto. Trabalhamos pelo número de horas, não por empreitada. Não temos tanto tempo assim para vender ao mercado. Há sempre um sem-número de coisas que queremos realizar, aprender, desenvolver, desfrutar, mas nunca há tempo suficiente. O que é contraditório, pois é um fato por todos conhecido que não utilizamos 100% de nosso tempo nas organizações de forma produtiva. E, é claro, também, que às organizações interessam muito mais os neurônios do que o tempo de seus colaboradores. São os neurônios que podem render resultados, alcançar metas, produzir com qualidade, gerar lucros. É a soma dos neurônios atuantes de uma organização que dá valor à marca e cria as possibilidades futuras. Não importa quanto tempo as pessoas entregam a uma empresa, mas sim a utilização eficaz dos neurônios durante esse tempo.

Pode parecer estranho, mas ser feliz hoje representa um grande diferencial competitivo dentro desse novo paradigma. Pessoas felizes aprendem melhor, têm mais ideias, geram mais soluções. Contrate pessoas para que sejam felizes, permita que usem o tempo da forma que desejarem, concentre-se em administrar as ideias geradas, de forma a multiplicar seus efeitos. Contrate tempo e terá pessoas à sua disposição; contrate neurônios e terá superação de metas e conquista de resultados. Reflita sobre isso. Suerte!


Dulce Magalhães é filósofa, educadora, escritora, palestrante e coach

Compartilhe nas redes sociais!

Enviar por e-mail