Sem medo da produtividade

de Redação em 26 de abril de 2017

Ela não significa somente fazer “mais com menos” ou “mais em menos tempo”

Por Júlia Figueiredo*

“Precisamos ser mais produtivos.” Esta frase, que há tempos ecoa dentro das corporações, se repete cada vez mais. Diante da necessidade de se trabalhar com equipes cada vez menores, a cobrança se torna inevitável. Para alguns, a frase causa arrepios e, na maioria das vezes, soa impositiva, causa a sensação terrível de que somos lentos, ineficientes e que precisamos trabalhar mais rápido… trabalhar mais!

Júlia Figueiredo

Júlia Figueiredo

Tudo isso não é à toa. Há muita confusão quando falamos em produtividade. Muitos pensam somente na equação “mais com menos”, “mais em menos tempo”, e esquecem que – segundo encontrei em algumas pesquisas – a possível origem da palavra em latim também sugere que produtividade é “avançar”. Nesse sentido, gosto de encarar a produtividade sob outra perspectiva. Prefiro ir além quando penso nos motivos que me levam a querer ser mais produtiva e a desejar o mesmo para minha equipe. Quero ser produtiva para viver melhor, para ter mais tempo livre, para concluir uma tarefa (independentemente do grau de complexidade e importância) no tempo exatamente necessário. Quero ser produtiva para manter um bom fluxo de energia, sem baixas causadas por fadiga ou pelo estresse de um prazo não cumprido. E quero que todos à minha volta sejam produtivos, para que o trabalho em equipe flua tranquilo.

Pensar a eficiência por essa ótica, a meu ver, é libertador. Evita aquele frio na barriga ao imaginar que meu empregador deseja que eu trabalhe mais, que passe horas me dedicando, num ritmo frenético. Isso só é possível porque consigo transpor antigas convicções e enxergar a produtividade como algo capaz de possibilitar o que tanto buscamos: qualidade de vida.

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Ainda, a ideia de que as novas tecnologias nos poupam tempo e são sinônimo de eficiência pode ser enganosa. É cada vez mais comum nos depararmos com a falta de foco em virtude da tecnologia. Nem sempre estar constantemente conectado, mesmo nas férias, é sinal de produtividade. Estar disponíveis, respeitando limites, ou ser real timing, sem ficar irreparavelmente ansiosos, é o grande desafio de profissionais dos tempos modernos.

Diante disso, a produtividade encontra seus aliados: na captura e coleta de informações; na organização; na classificação; na priorização; no acesso; no compartilhamento. Esse “fluxo” já acontece continuamente no nosso dia a dia. O problema é que muitas vezes tentamos concluí-lo sem qualquer automação, sem ajuda da tecnologia (mesmo com recursos incríveis à disposição!), e, quando há ruptura no processo, sequer notamos. Nos perdemos, perdemos informações, tempo, e nos tornamos improdutivos.

Por isso, volto à questão do início. Não é preciso temer a produtividade. Vamos assumir que a possível origem da palavra revela o seu real intuito: avançar, evoluir. É preciso encará-la como uma atitude capaz de nos tornar mais felizes, seja isso o que for – até mesmo trabalhar de frente para o mar, por que não?

* Júlia Figueiredo é partner marketing manager no Evernote e membro do conselho da
ONG Latinas in Tech

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