Valores pessoais e da cultura desejada

de Karin Hetschko em 27 de outubro de 2017
(Foto: Karin Hetschko)

Impulsionados pelo atual contexto econômico e político do país, brasileiros querem viver numa sociedade em que valores como honestidade
e confiança estejam mais presentes

Um indivíduo mais consciente da responsabilidade por seus próprios problemas e menos ligado à lógica do paternalismo. Esse foi um dos principais resultados da Pesquisa Nacional de Valores 2017, promovida pela consultoria de RH Crescimentum, a partir da metodologia do instituto inglês Barrett Values Centre. A mesma pesquisa já havia sido realizada nos mesmos moldes em 2010.

E os resultados do estudo seguiram exatamente a lógica de que os valores sempre são um reflexo do que o indivíduo considera ser suas necessidades, conforme elucida Richard Barrett, fundador do Barrett Values Centre.

Como enfrentamos no Brasil momentos de pouca coesão social, pautada pela agenda da corrupção no país, os brasileiros entrevistados na pesquisa destacaram que gostariam de viver em uma sociedade onde valores como a ética e o compromisso sejam tangíveis. Não por acaso, os respondentes destacaram como valores pessoais a honestidades, a confiança, a humildade e o respeito, sem esquecer de valores como a amizade, a família e a alegria.

De acordo o head da Crescimentum para cultura organizacional, Guilherme Marback, o perfil descrito no início desse texto pode ser depreendido pelas escolhas dos entrevistados entre os valores que melhor descrevem a si mesmos, a sociedade em que vivem e a sociedade por eles desejada futuramente.

Taxa de entropia cultural
O levantamento também calculou a taxa de entropia cultural do Brasil, nível de organização de um sistema. Essa taxa passou de 51% na pesquisa de 2010 para 61% em 2017. A corrupção foi de longe o comportamento que, segundo os brasileiros, mais atrapalha o desenvolvimento do país (1754 votos num universo de 2422 respondentes), seguido da violência (1504), da pobreza (1292) e da degradação do meio ambiente (1026).

De acordo com Marback, a elevação da taxa de entropia não significa necessariamente que o brasileiro se vê vivendo num país pior comparado ao Brasil de 2010. Para o executivo, significa principalmente que o brasileiro está mais consciente dos problemas que enfrenta. “Determinar a extensão dessa conscientização é o desafio”, diz Marback.

Entre as prioridades objetivas elencadas pela pesquisa estão a saúde, a justiça e a segurança pública, expressa nos valores desejados paz, justiça e cuidado com os idosos. “A expressão do desejo por cidadania também indica que o brasileiro quer uma sociedade formada por pessoas que entendem a responsabilidade que devemos ter uns com os outros quando se vive em sociedade”, diz Marback.

O executivo também diz que ao trocar redução da pobreza e justiça social por mais oportunidades de emprego e de educação, o brasileiro de hoje se vê mais responsável por melhorar suas próprias condições de vida e vive uma lógica mais distante do paternalismo de outrora.

Na visão de Richard Barret, observando sobre a ótica da organização, o caminho passa por desenvolver uma cultura que esteja alinhada aos objetivos organizacionais e às necessidades das pessoas. “Faça seus empregados felizes e coesos e observarás grandes oportunidades”.

Sobre a pesquisa
Elaborada a partir da metodologia do Barrett Values Centre e foi executada pelo DataFolha, que entrevistou 2.422 pessoas acima de 16 anos, em todas as regiões, numa amostra que reflete as segmentações de renda, classe social e escolaridade atualmente existentes segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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